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Ser super mãe é uma treta

Ser super mãe é uma treta

30
Jan18

Breve inquérito a mães normais (6)

Susana

A próxima mãe é uma prima querida que o casamento me trouxe. Lamento apenas a distância que nos separa, porque é sem dúvida das pessoas boas que gostaria de ter por perto. Eu explico, a Paula vive nos Açores, rodeada de lagoas, paisagem verde e vaquinhas sem stress. É mãe de dois rapazes muito especiais, preocupa-se acima de tudo que eles saibam que são amados, (é cá das minhas!), experimentou a tortura do sono com o mais novo (estamos juntas!) e sobreviveu, é professora dos filhos dos outros e das que gostam do que fazem.

 

 

Paula, 41 anos, professora, 2 filhos, um rapaz com 11 e outro com 5 anos.

 

Qual a coisa de que tens mais saudades de fazer desde que és mãe?

Desde que sou mãe tenho saudades de ter tempo para mim, de “vegetar”, ou seja, estar horas a ver uma série, deitada no sofá ou na cama, a comer o que me apetece, sem interrupções.

 

O que mudou em ti com a maternidade?

Com a maternidade melhorei enquanto pessoa, enquanto profissional, enquanto mulher (passe o “cliché”)… Aprendo tanto, todos os dias, reaprendo, ponho tudo em perspetiva, sinto-me capaz de enfrentar certas situações porque os tenho.

 

És a mãe que imaginaste?

Quase sempre. Às vezes, grito mais do que queria, outras, cedo mais do que devia. Sinto que cresço com eles. No entanto, sei que sempre disse que quando tivesse filhos, eles saberiam, sem nunca duvidar, que são muito amados, e isso, tenho a certeza que estou a fazer bem.

 

Que conselho darias a alguém que está a pensar em ser mãe?

Diria que tudo muda, que é como a canção “Um amor para a vida toda…”, um amor que exige muito de nós, que nos põe à prova, que nos faz chorar e duvidar, mas um amor que te enche por completo a vida. Por isso, há que pensar bem antes de tomar esta decisão, pensar nas noites sem dormir, nas birras, nas doenças, na falta de tempo para cuidar de nós… Todas aquelas situações em que não pensamos quando decidimos ter filhos.

17
Jan18

Breve inquérito a mães normais (5)

Susana

Esta semana trago-vos a minha amiga Maria João Marques. É mãe de dois rapazes que dominam a arte de a manipular. Assume-se uma mãe leoa, afetuosa e que perde a paciência mais vezes do que gostaria. Não perdemos todas? É também uma mulher preocupada com o papel das mulheres nas empresas, na política, na sociedade, tem mau feitio na hora de defender os valores que considera importantes (e ainda bem), não prescinde de ter uma voz ativa e não abre mão de reivindicar o espaço que deveria ser das mulheres. São também estes valores que não deixa de transmitir aos filhos. Deixo-vos as respostas da Maria João, não deixem também de a ler por aí.

 

Maria João Marques, 43 anos, Economista, dois filhos, de 11 e 8 anos

 

Qual a coisa de que tens mais saudades de fazer desde que és mãe?

Tenho saudades de não ter horários, de poder jantar fora quando me apetecesse, de não ter de me preocupar com almoços ao fim de semana, de não andar sempre a correr durante a semana de manhã para levar a criançada para as aulas e a partir do meio da tarde a ir buscá-los, levá-los a atividades e a consultas, banhos, trabalhos de casa, jantar, deitar, ufa, enfim, de não terminar os dias com o sentimento de dona de casa desesperada. Não por qualquer desespero ou infelicidade, mas pelo desgaste da correria emparelhado com o tempo que o trânsito de Fernando Medina me faz perder.

 

O que mudou em ti com a maternidade?

A maternidade coloca o centro da nossa vida nos filhos, em vez de em nós. Isso em si mesmo é uma realidade que nos torna melhores pessoas e mais generosas. Deixamos de ser tão auto centradas. Também nos torna mais claras as prioridades da vida. Sabes o que vale a pena e aquilo que é irrelevante. Deixas de ter tempo para as questiúnculas pouco importantes, estás emocionalmente demasiado ocupada para alimentar ódios ou embirrações de estimação. Por outro lado, ficamos exímias na gestão do tempo. Aquilo e quem não nos interessa é riscado do nosso horário e desaparece da nossa vida. Deixamos de ter tempo para fazer fretes.

 

És a mãe que imaginaste?

Não. Ou, pelo menos, não em quase tudo. Não imaginava que fosse um amor tão avassalador. Sou imensamente mais protetora e leonina que alguma vez supus. Tinha a ilusão de que seria uma mãe calma e controlada; claro que, afinal, expludo e grito e perco a paciência e a cabeça mais vezes do que devia. Também não acreditaria se me dissessem que seria tão facilmente manipulável e que capitularia perante os meus filhos com tanta facilidade - ou por cansaço ou por admiração pela proficiência infantil na hora de manipular. Na parte em que não me enganei a mim própria, acho que lhe consigo transmitir os valores que sempre achei que conseguiria; dou-lhes a conhecer pontos de vista originais, curiosos e bem humorados sobre a vida, tal como desconfiava que faria; e sou uma mãe afetuosa e cúmplice e com aversão à disciplina rígida - aqui também não me surpreendi.

 

Que conselho darias a alguém que está a pensar em ser mãe?

Que se prepare para o cansaço e para as despesas, que são sempre mais que planeamos. Que tenha como prioridade absoluta conseguir ter tempos para si própria. Nem que seja, nos momentos mais alucinados dos primeiros anos da maternidade, meia hora para estar enrolada no sofá a preguiçar. E que seja generosa consigo própria, perdoando-se os muitos erros e imperfeições.

11
Jan18

Os miúdos são uns bichos estranhos não são?

Susana

Sinto-me muitas vezes como naquele filme, o Divertidamente, presa dentro da cabeça dos meus filhos a tentar perceber o que se passa lá dentro.

 

Os miúdos crescem, de repente deixam de ser aqueles bebés bolachudos que comem, dormem e brincam o dia todo e passam a ser pessoas em miniatura que, mais que frio ou fome, sentem emoções. Alegria, ciúmes, tristeza, medo, euforia, raiva e em nós, pais em construção, cresce a preocupação de tentar perceber o que é que eles estão a sentir e o que isso diz sobre a personalidade que estão a desenvolver.

 

O meu filho não apanha os brinquedos do chão porquê, se ainda agora estava a arrumar as peças do puzzle? Esta birra que a minha filha está a fazer é de sono ou será que está triste com alguma coisa que se passou na escola? Porque é que o meu filho tem tanto medo do cão da vizinha e ao mesmo tempo adora correr atrás dos pombos? A minha filha está outra vez com ciúmes do irmão, porquê? Será que estamos a dar-lhe menos atenção? Porque é que o meu filho nos desafia e não sai de frente da televisão e depois chora assustado quando deixa cair sem querer um copo de água no chão? A minha filha que ainda agora estava a dançar no meio da sala, está a chorar compulsivamente porque ainda faltam muitos dias para o aniversário dela, porquê? Porque é que a minha filha tem tanta consciência dela própria e isso a impede de se divertir?

 

Não sei.

 

Fico perdida com tantos estados de alma diferentes num curto período de tempo. A mesma ação gera em momentos diferentes reações diferentes, não há um guião, nem um botão como no filme, para impedir que a vida não lhes sorria sempre. Deixa-me um sabor agridoce vê-los a gerir as emoções e as relações com os outros, porque se, por um lado, precisam de liberdade para desenvolver a sua personalidade, por outro, obriga-me a deixá-los lidar sozinhos com situações que como mãe-leoa gostaria de poder resolver a gritar com alguém.

 

A partir do dia em que tomei consciência que os meus filhos fazem parte do mundo e que se vão relacionar com os outros, o meu coração ficou mais exposto. O mundo às vezes é um lugar feio. E nasceram em mim novas perguntas. Será que alguém os magoa? Será que têm as ferramentas necessárias para lidar com os outros? Que emoções são aquelas que aparecem a cada birra? O que se passa naquelas cabeças?

 

Texto em parceria com a Up to Kids.

08
Jan18

Breve inquérito a mães normais (4)

Susana

Esta semana trago-vos as respostas da minha irmã. Para mim, mais que uma mãe normal, ela é uma irmã extraordinária (e chata como todos os irmãos). Apesar da diferença de sete anos que nos separa, eu sou a mais velha (Graças a Deus!), não me recordo da minha vida sem ela. A minha irmã é um furacão e há pouco mais de dois anos deu-me o melhor dos presentes, um sobrinho furacão. Ela diz-se um pouco workaholic, eu digo que ela é uma lutadora que não desiste de lutar pelo que merece, um orgulho para mim que continuo a ser uma irmã galinha.

 

 

Joana Almeida, 31 anos e um pouco workaholic num novo trabalho e com poucas horas no dia para tratar de tudo, 1 filho com dois anos. 

 

Qual a coisa de que tens mais saudades de fazer desde que és mãe?

De ir ao cinema quando queria e de não ter um horário planeado para tudo. 

 

O que mudou em ti com a maternidade?

Mudou a minha perspetiva em relação a algumas coisas, ganhei calma apesar de parecer estranho, mas era muito stressada com as coisas antes de ser mãe. 

 

És a mãe que imaginaste?

Não. Acho que nenhuma mãe pode dizer que é exatamente a mãe que queria ser. Eu tenho vários momentos em que penso que não era exatamente assim que queria que as coisas corressem, mas acho que faz parte.

 

Que conselho darias a alguém que está a pensar em ser mãe?

Que não vale a pena planear tudo ao milímetro. Para não se assustar se houver um momento em que pense "Eu preciso de 5 minutos para mim." E que não tem de fazer tudo sozinha, pode pedir ajuda.

05
Jan18

Parabéns, mãe!

Susana

A minha melhor amiga faz anos hoje, a minha mãe.

 

A minha mãe ensinou-me a pensar pela minha cabeça, ofereceu-me o prazer da leitura quando com grande sacrifício me comprava livros, esteve ao meu lado em todas as minhas crises existenciais e apontou-me vários caminhos, procurou serenar-me, apoiou-me incondicionalmente em todas as minhas decisões e algumas foram tão estúpidas, com o exemplo dela aprendi o valor do trabalho e a não depender de ninguém, nunca me deixou baixar os braços nem a cabeça, abraçou-me sempre que precisei, ensinou-me que aquilo que temos não define quem somos, discutimos muitas vezes, não concordámos sempre, gritou muitas vezes comigo, bateu-me sempre que mereci e mesmo quando não mereci, porque eu fui uma adolescente insuportável, meteu-me de castigo muitas vezes e tirou-me de castigo no minuto a seguir, desculpou todas as minhas asneiras mesmo quando descobriu que eu fumava, rimos muito e chorámos muito juntas, conversámos sobre tudo, sofremos, fomos o pilar uma da outra e resistimos, nunca me virou as costas, nem quando sou uma besta.

 

Com ela aprendi a melhor das lições, a que me guia na forma como encaro a maternidade, a que só o amor importa.

 

A minha mãe faz hoje cinquenta e oito anos, sei o quanto lhe pesa este número, a vida não foi sempre doce, ainda não é, mas é uma lutadora, que nunca deixa de nos orgulhar.

 

Parabéns, mãe!

04
Jan18

Já vos disse que estou cheia de sono?

Susana

Esta noite os meus filhos acordaram às cinco horas para virem para a nossa cama. Na noite anterior também, na noite anterior a essa também e na noite anterior a essa também e todas as noites das últimas semanas também. Suspeito que possam ter engolido um despertador, são mais pontuais que o galo do vizinho.

 

O ritual tem sido sempre o mesmo, um deles acorda primeiro e acorda o outro, o primeiro é quase sempre o mais novo (que ao contrário de mim detesta dormir), ouvimos gritos insistentes vindos do quarto deles “pai, pai, pai, pai” ou “mãe, mãe, mãe, mãe” ou ainda “mãe, pai, mãe, pai” até que um de nós desista de ignorar que os está a ouvir e os vá buscar para a nossa cama.

 

A partir desse momento a noite acabou para nós. Ou porque ele tem o vício irritante de me puxar os cabelos para adormecer ou porque se deita em cima da cabeça da irmã e ela grita ou porque empurram o pai para fora da cama e o pai resmunga ou porque fico com os braços dormentes de estar na mesma posição ou porque a cabeça não consegue deixar de pensar que às seis da manhã a porra do despertador vai tocar e não vale a pena adormecer para acordar já a seguir.

 

Não sei como consigo aguentar, juro que não sei mesmo. É que não são apenas estas semanas a dormir mal, o meu filho dorme mal desde que nasceu, há quase três anos que nos sujeita a uma tortura do sono terrível. Por cada noite que dorme bem, dorme mal cinco ou seis. Tenho mais sono do que alguma vez julguei possível. Dou por mim a pensar quando é que vou dormir, o que é que posso fazer para dormir, quando é que tenho férias para ir meter os miúdos à escola e dormir, se me posso sentar na casa de banho do trabalho a dormir sem darem pela minha falta, a minha cara tem escrito morta de sono a precisar de dormir, o meu corpo grita que precisa de dormir e o meu cérebro já emigrou para um país tropical.

 

E o mais incrível é que o raio do miúdo não quer saber disso para nada, acorda sempre bem-disposto, ele a rir e a cantar, talvez satisfeito por nos ter lixado as horas de sono e nós a arrastar-nos pela casa como zombies com o cérebro todo queimado a meter fraldas no frigorífico e o queijo na gaveta das meias. Sim, sim, eu sei, a maternidade é uma bênção, vou ter saudades das noites mal dormidas, quando ele for adolescente é que vou ver o que é não dormir, é aguentar que isto passa tudo muito depressa e bla, bla, bla, sinceramente, o que eu preciso mesmo, mesmo é de dormir bem para apreciar ainda mais o milagre da vida e ter os neurónios a funcionar.

 

Já vos disse que estou cheia de sono?

 

Texto em parceria com a Up to Kids.

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