É hoje, é hoje.
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A WOOK pediu-me para falar sobre o meu livro e eu falei. Como seria de esperar é uma produção caseira, sem glamour, fechada no escritório enquanto os miúdos estavam a jantar na sala com o pai.
Pari um livro. Assim que deixar de babar para cima dele e de o folhear só para lhe sentir o cheiro conto-vos tudo sobre o meu mais novo.
A partir de dia 30 de Setembro vai estar nas livrarias habituais à vossa espera.
O que será que vem aí?
(A imagem abaixo está protegida por direitos de autor.)
Eu ajudo com alguns:
- Enjoos matinais o caralho. Esta merda dura o dia inteiro.
- Se a gravidez não é doença parece.
- Como estabelecer um perímetro de segurança à volta da nossa barriga.
- Parir no hospital em segurança explicado às malucas das fundamentalistas.
- As mamas são nossas, foda-se!
- As putas das hormonas e o pós parto.
- Já passou um ano e continuas gorda. E então? Não és a Carolina patrocínio, caralho!
- Como fazer um mapa para mandar as opiniões alheias à merda.
- Os amigos fugiram e agora?
- Os filhos são o melhor do mundo, excepto quando fazem birras.
- O desfralde: esfregona, paciência e cocó no chão.
- Gritos. Projectar a voz até à casa dos vizinhos é aceitável?
- Sim, é uma virose.
- Os piolhos podem ser considerados animais de estimação?
- Cérebro de mãe, qualquer semelhança com uma papa não é coicidência.
- Ameaças, subornos e castigos.
- Sentar os miúdos no carro e apertar-lhes o cinto também conta como exercício físico.
- Mentir aos filhos não é mentir.
- Vais ter saudades e o caralhinho.
- Dormir? Esquece essa merda.
- Como fazer um gin.
De nada.
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O Ser Super Mãe é uma Treta ganhou na categoria Família os Sapos do Ano organizados pela Magda e pelo David e começo por lhes agradecer o espírito de sacrifício e o prazer genuíno que colocam neste concurso que serve apenas para divulgar blogs. E o apenas não é pejorativo, é no sentido que não lhes dá lucro, visibilidade, publicidade ou dinheiro, mas dá-lhes com toda a certeza um enorme sentimento de dever cumprido ou não se metiam nesta loucura pelo segundo ano consecutivo.
Optei por não divulgar que estava nomeada, nem em fazer publicidade, porque para mim faz mais sentido ganhar de forma transparente, com os votos de quem gosta realmente do que lê e não por uma caça aos votos parva e que só serve para insuflar o ego durante cinco minutos.
Dito isto, obrigada a quem me nomeou, a quem votou em mim, a quem me lê há muito tempo e a quem chega aqui agora.
Que fique quem vier por bem, sabendo desde já que eu não sou uma mãe fofinha e que digo muitas vezes que se foda!
Obrigada!!!
(Ando por aqui às vezes e quase sempre no Facebook!)
Os filhos são o melhor do mundo. E às vezes o melhor do mundo também é o silêncio, é a televisão desligada, é o mundo parado. É dormir uma noite inteira sem tosses como banda sonora ou com gritos que nos chamam como se o mundo estivesse a acabar, é fechar os olhos no sofá e deixar-me ficar até ao outro dia de manhã. É não estar preocupada se tenho iogurtes no frigorífico, se as bolachas preferidas acabaram ou o que vou fazer para o jantar. Às vezes o melhor do mundo é ir à praia sozinha, é ler um livro, é sair com o meu marido num impulso, é conversarmos até de madrugada, é rir, gemer e gritar sem medo de os acordar. Às vezes o melhor do mundo é não aturar birras, crises existenciais, amuos da escola, respostas tortas e nãos repetidos até à exaustão. É não limpar rabos ou narizes ranhosos ou acordar a meio da noite para medir a febre, é não ter banhos para dar, cabelos encaracolados para secar, pijamas para vestir, é acordar em cima da hora, tomar banho a correr, vestir-me e sair de casa sem ter que acordar duas horas antes. Às vezes o melhor do mundo é não ter uma agenda cheia da vida social dos miúdos, é não ter de ir ao parque ou sentar-me no chão a brincar, é não ter trabalhos manuais da escola para fazer, reuniões de pais e obrigações sociais. É não ter rotinas, hora para jantar, para dormir, para acordar. Às vezes o melhor do mundo é existir para além dos filhos.
Dizer isto não coloca em causa o amor pelos meus filhos, não me faz pedir desejos para trocar a vida de hoje pela vida de ontem, a de hoje é infinitamente melhor, mais rica, mais cansativa e com mais gritos, posso dizê-lo sem medo do julgamento dos outros, sem medo que não o compreendam, porque a verdade é que cada um de nós, no seu íntimo, sozinho com os seus pensamentos, já pensou algo parecido. E não faz mal, está tudo bem. Quem não o compreender que se foda.
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Sabem aquelas mães que têm vontade de atirar uma bola à cabeça dos miúdos que passam à frente dos filhos no escorrega e nos baloiços? Ou de dar um empurrão às miúdas irritantes? Ou até dar um berro aos miúdos que se metem com os mais novos? Eu sou dessas mães.
Fico a ferver, com fumo a sair das orelhas e a pensar se me posso esconder atrás de um arbusto e atirar uma bola em cheio à cabeça dos miúdos parvos.
- Quem foi? Não se faz, coitadinho do parvinho.
Não posso, não é? Tenho filhos para criar, não se atira bolas aos filhos dos outros e bla bla bla, por isso a minha opção foi ensinar a minha filha a empurrar.
Literalmente.
Parece que agora os miúdos levam o dia a empurrar-se uns aos outros e a serem parvos uns para os outros e a minha filha não sabe jogar esse jogo. No meu tempo também devia ser assim, mas eu sou antiga, já foi há muito tempo e agora eu sou a mãe, a mãe que sente as dores dos filhos. E por isso resolvi ensinar-lhe as regras do jogo do empurra.
A regra número um é defender-se primeiro e queixar-se depois. Todos sabemos que os queixinhas estão fodidos, passam facilmente a saco de pancada. Então, primeiro dá com o pé que estiver mais à mão e depois pode queixar-se.
A regra número dois é defender-se primeiro e queixar-se depois. Não tenho mais regras para este jogo, é difícil explicar a uma miúda de cinco anos que na vida vai encontrar muita gente que a vai tentar empurrar e que o melhor é mesmo aprender a defender-se.
Ensinei-a a defender-se e não a atacar, expliquei-lhe o valor das palavras, que às vezes dizer que não somos amigas deixa de ser verdade no minuto a seguir, que podemos perdoar e não dar importância a quem não nos faz bem e depois peguei numa almofada e disse-lhe para empurrar, com força. Ela riu-se, empurrou com força, prometeu que se ia defender melhor e eu abracei-a.
Sim, eu sou dessas mães, nem pensem em foder-me a cabeça por isso.
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Há quem diga que se ama um filho assim que sabemos que estamos grávidas, eu digo que não, que é mentira, o que amamos é a ideia abstrata de um filho, a ideia de sermos mães.
Eu não amei os meus filhos ao primeiro olhar, nem ao segundo, nem ao terceiro, nem sei precisar o momento exato em que os comecei a amar.
Ao primeiro olhar, acabados de sair da minha barriga, vi-os roxos, com restos de mim e com um cordão umbilical ainda por cortar, perguntei-me se aquilo que me parecia um filme estava mesmo a acontecer, fechei os olhos e voltei a deitar a cabeça. Ao segundo olhar, depois de os ouvir chorar ao longe, trouxeram-nos até mim, enquanto os médicos costuravam o corpo que já lhes tinha servido de casa, beijei-lhes a testa e pedi que os fossem mostrar ao pai. Ao terceiro olhar, no recobro, deitaram-nos ao meu lado e eu percebi que estava presa dentro de um filme e ninguém me tinha dado o argumento.
Em nenhum destes olhares senti amor. Senti estranheza e medo. Os meus filhos nasceram e com eles nasceu a mãe e a mãe ama. Mas, amar? Amar como se acabei de os conhecer? E logo ali senti-me culpada por não sentir o que diziam que devia sentir, senti-me esmagada pelo peso das expectativas dos outros. Peguei neles, cheirei-lhes os cabelos vezes sem conta, beijei-lhes as mãos pequeninas e a testa, aconcheguei-os no meu peito, decorei-lhes as linhas do rosto e nada. Estranheza e medo. Conversei com eles, talvez o amor de mãe fosse assim, mais medo que coração acelerado, mais culpa que amor, pedi-lhe desculpa, alimentei-os, dei-lhes banho, vesti-os e mudei-lhes as fraldas, cantei-lhes canções de embalar, adormeci-os no meu colo e num dia qualquer, no meio da confusão dos dias que mudaram para sempre, houve um momento em que o meu coração bateu mais forte e rebentou-me o peito. No meu peito ficou um buraco e o meu coração ficou exposto. À mostra. E assim ficará, como naquele lugar-comum, que diz que os filhos são um coração a bater fora do peito.
Não importa quando foi.
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