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Ser super mãe é uma treta

Ser super mãe é uma treta

30
Set19

É hoje, é hoje.

Susana
 
Ele está à vossa espera nas livrarias e por isso parece-me um bom dia para vos falar um bocadinho sobre ele.
 
Vou começar pelo início. Em Novembro de 2018 fui contactada pela 20|20 Editora com uma proposta para escrever um livro. Dei pulinhos de contente e liguei para o meu marido aos gritos. Não vos vou mentir. Fiquei nas nuvens. A ideia do livro andava a fervilhar na minha cabeça há algum tempo. Já tinham surgido outros contactos, mas nunca quis escrever por escrever, precisava de disponibilidade mental, de alguma pelo menos e, de um projeto que não cortasse a essência do que aqui escrevo e que pudesse ser feito sem demasiada pressa e com pés e cabeça. Se fosse para ser outra ia antes plantar árvores ou outra merda qualquer. Não foi preciso ir plantar árvores, ficou claro desde o primeiro minuto que queriam a Susana tal como ela é, tal como ela escreve e era exatamente isso que eu tinha para lhes oferecer. 
 
Cartas na mesa, um bom vinho para celebrar e a partir daí acabaram os pulinhos de contente e foi só trabalhar no duro. Muitas noites sem dormir, momentos de frustração, de desespero, de eu não vou conseguir fazer esta merda, onde é que eu tinha a puta da cabeça quando aceitei escrever um livro e variantes. Não se iludam. Também tive muitos momentos do caralho, de extrema felicidade, de fui eu que escrevi isto, de dever cumprido, de chegar ao fim de um capítulo e ter a certeza que estava como eu tinha idealizado, mas eu tive a triste ideia (agora não é triste, mas enquanto estava a escrever, foda-se, se era), de escrever trinta capítulos. Trinta! São muitas letras, muitas frases, muitas merdas que regra geral não são escritas por inspiração divina, que precisam de ser escritas, apagadas, escritas de novo, revistas, até chegaram onde queremos. E depois há o sono, o cansaço, noites sem dormir, um esgotamento da mãe lá pelo meio e miúdos doentes a toda a hora. Ou seja, a vida a acontecer para lá de uma folha aberta no computador. Já passou, já passou, como diz a Frozen.
 
O processo de escrita puro e duro durou quatro meses. Escrevi sobre o que quis e como quis. São trinta capítulos onde escrevo, como sempre, sem paninhos quentes e com uma boa dose de palavrões, (daqueles que as polícias da linguagem tanto detestam), sobre a gravidez, o parto, o pós-parto, a amamentação, a licença de maternidade, sobre as opiniões dos outros, a culpa, a puta da culpa, sobre as comparações e os lugares no pódio, a tortura do sono não podia faltar, as birras e os ciúmes, a escola e tudo o que ela implica desde o bullying aos piolhos, escrevo sobre imperfeição, claro, a das mães e a dos filhos, porque não pensem que esta merda da imperfeição é só para as mães, de existir para além dos filhos, escrevi dois capítulos capazes de provocar um ataque cardíaco às fundamentalistas de tudo e mais alguma coisa e às adeptas da parentalidade consciente, a bem da verdade todo o livro é capaz de lhes provocar um ataque cardíaco mas enfim e, não podia deixar de escrever sobre esta coisa libertadora de dizer que se foda. Não estão aqui os trinta capítulos, pois não? Vão ter de comprar o livro para ver o que falta.
 
Na madrugada em que enviei a primeira versão para a minha editora senti um alívio indescritível. Foda-se, já está! Estúpida, ainda não estava. Depois disso o livro ainda teve um trabalho incrível de revisão, de ilustração, ainda teve o prefácio da minha querida Ana Bacalhau, (confesso que quando o recebi talvez tenha sido a primeira vez que chorei) e de produção até chegar ao objeto, que eu considero maravilhoso, que vão encontrar hoje. As ilustrações são qualquer coisa! Foi um trabalho de equipa ao nível da Liga dos Campeões. À Catarina, ao Sérgio, à Marta e a toda a equipa da 20/20 o meu eterno obrigada!
 
E agora, a rebentar de orgulho no livro que pari o que mais desejo é que o levem para as vossas casas, que se divirtam a lê-lo e que cheguem ao fim com a certeza de que são umas mães (e uns pais) do caralho. Porque são!
 

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27
Set19

Let's look at the book trailer

Susana

A WOOK pediu-me para falar sobre o meu livro e eu falei. Como seria de esperar é uma produção caseira, sem glamour, fechada no escritório enquanto os miúdos estavam a jantar na sala com o pai.

#quemnascelagartixa
 
 

 

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24
Set19

Pari um livro

Susana

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Pari um livro. Assim que deixar de babar para cima dele e de o folhear só para lhe sentir o cheiro conto-vos tudo sobre o meu mais novo.

A partir de dia 30 de Setembro vai estar nas livrarias habituais à vossa espera.

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17
Set19

???

Susana

O que será que vem aí?

©Ser super mãe é uma treta

(A imagem abaixo está protegida por direitos de autor.)

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29
Ago19

Nos livros sobre maternidade estão em falta uns quantos capítulos.

Susana

Eu ajudo com alguns:

 

- Enjoos matinais o caralho. Esta merda dura o dia inteiro.

- Se a gravidez não é doença parece.

- Como estabelecer um perímetro de segurança à volta da nossa barriga.

- Parir no hospital em segurança explicado às malucas das fundamentalistas.

- As mamas são nossas, foda-se! 

- As putas das hormonas e o pós parto.

- Já passou um ano e continuas gorda. E então? Não és a Carolina patrocínio, caralho!

- Como fazer um mapa para mandar as opiniões alheias à merda. 

- Os amigos fugiram e agora? 

- Os filhos são o melhor do mundo, excepto quando fazem birras. 

- O desfralde: esfregona, paciência e cocó no chão.

- Gritos. Projectar a voz até à casa dos vizinhos é aceitável? 

- Sim, é uma virose.

- Os piolhos podem ser considerados animais de estimação?   

- Cérebro de mãe, qualquer semelhança com uma papa não é coicidência.

- Ameaças, subornos e castigos. 

- Sentar os miúdos no carro e apertar-lhes o cinto também conta como exercício físico. 

- Mentir aos filhos não é mentir.

- Vais ter saudades e o caralhinho.

- Dormir? Esquece essa merda.

- Como fazer um gin. 

 

De nada.

 

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18
Dez18

E não é que os Sapos do Ano vieram cá para casa? Obrigada!

Susana

O Ser Super Mãe é uma Treta ganhou na categoria Família os Sapos do Ano organizados pela Magda e pelo David e começo por lhes agradecer o espírito de sacrifício e o prazer genuíno que colocam neste concurso que serve apenas para divulgar blogs. E o apenas não é pejorativo, é no sentido que não lhes dá lucro, visibilidade, publicidade ou dinheiro, mas dá-lhes com toda a certeza um enorme sentimento de dever cumprido ou não se metiam nesta loucura pelo segundo ano consecutivo.

 

Optei por não divulgar que estava nomeada, nem em fazer publicidade, porque para mim faz mais sentido ganhar de forma transparente, com os votos de quem gosta realmente do que lê e não por uma caça aos votos parva e que só serve para insuflar o ego durante cinco minutos.

 

Dito isto, obrigada a quem me nomeou, a quem votou em mim, a quem me lê há muito tempo e a quem chega aqui agora.

 

Que fique quem vier por bem, sabendo desde já que eu não sou uma mãe fofinha e que digo muitas vezes que se foda!

 

Obrigada!!!

 

(Ando por aqui às vezes e quase sempre no Facebook!)

 

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19
Nov18

Os filhos são o melhor do mundo

Susana

Os filhos são o melhor do mundo. E às vezes o melhor do mundo também é o silêncio, é a televisão desligada, é o mundo parado. É dormir uma noite inteira sem tosses como banda sonora ou com gritos que nos chamam como se o mundo estivesse a acabar, é fechar os olhos no sofá e deixar-me ficar até ao outro dia de manhã. É não estar preocupada se tenho iogurtes no frigorífico, se as bolachas preferidas acabaram ou o que vou fazer para o jantar. Às vezes o melhor do mundo é ir à praia sozinha, é ler um livro, é sair com o meu marido num impulso, é conversarmos até de madrugada, é rir, gemer e gritar sem medo de os acordar. Às vezes o melhor do mundo é não aturar birras, crises existenciais, amuos da escola, respostas tortas e nãos repetidos até à exaustão. É não limpar rabos ou narizes ranhosos ou acordar a meio da noite para medir a febre, é não ter banhos para dar, cabelos encaracolados para secar, pijamas para vestir, é acordar em cima da hora, tomar banho a correr, vestir-me e sair de casa sem ter que acordar duas horas antes. Às vezes o melhor do mundo é não ter uma agenda cheia da vida social dos miúdos, é não ter de ir ao parque ou sentar-me no chão a brincar, é não ter trabalhos manuais da escola para fazer, reuniões de pais e obrigações sociais. É não ter rotinas, hora para jantar, para dormir, para acordar. Às vezes o melhor do mundo é existir para além dos filhos.

 

Dizer isto não coloca em causa o amor pelos meus filhos, não me faz pedir desejos para trocar a vida de hoje pela vida de ontem, a de hoje é infinitamente melhor, mais rica, mais cansativa e com mais gritos, posso dizê-lo sem medo do julgamento dos outros, sem medo que não o compreendam, porque a verdade é que cada um de nós, no seu íntimo, sozinho com os seus pensamentos, já pensou algo parecido. E não faz mal, está tudo bem. Quem não o compreender que se foda.

 

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14
Nov18

Nunca foi tão fácil ser mãe. Nunca foi tão difícil ser mãe.

Susana
Penso na minha avó materna, mãe de treze filhos. Fecho os olhos e vejo-a pequenina e franzina, mal consigo imaginar como aguentou estar grávida tantas vezes, foda-se, como é que suportou enjoos, dores nas costas e o peso da barriga a crescer doze vezes, (esteve grávida de gémeos), como passou por tantas gravidezes sem ecografias morfológicas, emocionais ou em 3D, sem análises, sem exames de rotina, sem ácido fólico ou vitaminas, sem saber o sexo do bebé, sem fazer um curso de preparação para o parto, sem ler livros, sem conhecer teorias ou correntes pedagógicas, mal consigo imaginar como aguentou lavar tantas fraldas cagadas no tanque, como manteve os filhos quietos sem televisão, tablets ou YouTube, como conseguiu saber ser mãe sem fazer workshops, sem grupos de mães a quem recorrer nas horas de aflição, sem pediatras, terapeutas do sono ou facilitadores parentais, sem amigas a quem telefonar, sem telemóvel ou internet, sem WhatsApp ou o cabrão do Google. Foda-se, não consigo imaginar.

 

Penso em nós, mães de um filho ou dois, três na loucura. Vejo-nos com acesso aos melhores cuidados de saúde, a saber ler e escrever, com a informação à distância de um telemóvel com acesso à internet e vejo-nos em pânico desde que o cabrão do teste de gravidez deu positivo. Vivemos embrulhadas em escolhas, em decisões, parecemos galinhas sem cabeça a correr de um lado para o outro, baralhadas com tanta informação, com os estudos, com as teorias e correntes pedagógicas e o caralho, vejo-nos a fugir dos olhares inquisidores dos outros, a olhar por cima do ombro quando damos uma bolacha aos miúdos, cheias de sorrisos amarelos e a engolir as opiniões dos outros como se fossem sapos. Vejo-nos a sermos vítimas de bullying nos grupos de mães e a comermos a merda que nos enfiam pela boca como se fossemos burras.

 

Vivemos na urgência de sermos as mães perfeitas. Foda-se, vamos respirar fundo e parar com esta merda, sim?

 

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17
Out18

Não se atiram bolas à cabeça dos filhos dos outros

Susana

Sabem aquelas mães que têm vontade de atirar uma bola à cabeça dos miúdos que passam à frente dos filhos no escorrega e nos baloiços? Ou de dar um empurrão às miúdas irritantes? Ou até dar um berro aos miúdos que se metem com os mais novos? Eu sou dessas mães.

 

Fico a ferver, com fumo a sair das orelhas e a pensar se me posso esconder atrás de um arbusto e atirar uma bola em cheio à cabeça dos miúdos parvos.

 

- Quem foi? Não se faz, coitadinho do parvinho.

 

Não posso, não é? Tenho filhos para criar, não se atira bolas aos filhos dos outros e bla bla bla, por isso a minha opção foi ensinar a minha filha a empurrar.

 

Literalmente.

 

Parece que agora os miúdos levam o dia a empurrar-se uns aos outros e a serem parvos uns para os outros e a minha filha não sabe jogar esse jogo. No meu tempo também devia ser assim, mas eu sou antiga, já foi há muito tempo e agora eu sou a mãe, a mãe que sente as dores dos filhos. E por isso resolvi ensinar-lhe as regras do jogo do empurra.

 

A regra número um é defender-se primeiro e queixar-se depois. Todos sabemos que os queixinhas estão fodidos, passam facilmente a saco de pancada. Então, primeiro dá com o pé que estiver mais à mão e depois pode queixar-se.

 

A regra número dois é defender-se primeiro e queixar-se depois. Não tenho mais regras para este jogo, é difícil explicar a uma miúda de cinco anos que na vida vai encontrar muita gente que a vai tentar empurrar e que o melhor é mesmo aprender a defender-se.

 

Ensinei-a a defender-se e não a atacar, expliquei-lhe o valor das palavras, que às vezes dizer que não somos amigas deixa de ser verdade no minuto a seguir, que podemos perdoar e não dar importância a quem não nos faz bem e depois peguei numa almofada e disse-lhe para empurrar, com força. Ela riu-se, empurrou com força, prometeu que se ia defender melhor e eu abracei-a.

 

Sim, eu sou dessas mães, nem pensem em foder-me a cabeça por isso.

 

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09
Out18

Não importa quando foi

Susana

Há quem diga que se ama um filho assim que sabemos que estamos grávidas, eu digo que não, que é mentira, o que amamos é a ideia abstrata de um filho, a ideia de sermos mães.

 

Eu não amei os meus filhos ao primeiro olhar, nem ao segundo, nem ao terceiro, nem sei precisar o momento exato em que os comecei a amar.

 

Ao primeiro olhar, acabados de sair da minha barriga, vi-os roxos, com restos de mim e com um cordão umbilical ainda por cortar, perguntei-me se aquilo que me parecia um filme estava mesmo a acontecer, fechei os olhos e voltei a deitar a cabeça. Ao segundo olhar, depois de os ouvir chorar ao longe, trouxeram-nos até mim, enquanto os médicos costuravam o corpo que já lhes tinha servido de casa, beijei-lhes a testa e pedi que os fossem mostrar ao pai. Ao terceiro olhar, no recobro, deitaram-nos ao meu lado e eu percebi que estava presa dentro de um filme e ninguém me tinha dado o argumento. 

 

Em nenhum destes olhares senti amor. Senti estranheza e medo. Os meus filhos nasceram e com eles nasceu a mãe e a mãe ama. Mas, amar? Amar como se acabei de os conhecer? E logo ali senti-me culpada por não sentir o que diziam que devia sentir, senti-me esmagada pelo peso das expectativas dos outros. Peguei neles, cheirei-lhes os cabelos vezes sem conta, beijei-lhes as mãos pequeninas e a testa, aconcheguei-os no meu peito, decorei-lhes as linhas do rosto e nada. Estranheza e medo. Conversei com eles, talvez o amor de mãe fosse assim, mais medo que coração acelerado, mais culpa que amor, pedi-lhe desculpa, alimentei-os, dei-lhes banho, vesti-os e mudei-lhes as fraldas, cantei-lhes canções de embalar, adormeci-os no meu colo e num dia qualquer, no meio da confusão dos dias que mudaram para sempre, houve um momento em que o meu coração bateu mais forte e rebentou-me o peito. No meu peito ficou um buraco e o meu coração ficou exposto. À mostra. E assim ficará, como naquele lugar-comum, que diz que os filhos são um coração a bater fora do peito.

 

Não importa quando foi. 

 

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