Feminismo capaz, não obrigada
Faz-me um bocado de confusão que mulheres inteligentes, com educação e cursos superiores, que se movem em círculos restritos, que têm acesso à informação, que ocupam lugares importantes nas empresas, que lêem os livros certos, que vêem os filmes certos, que estão a par de todas as séries que interessam, que são especialistas, mestres e doutoradas em tudo e mais alguma coisa, gastem a sua energia a censurar livros, histórias e brinquedos de meninas. Como se fosse isso que limitasse as mulheres. Como se elas não tivessem brincado com bonecas e ouvido contos de fadas, como se não tivessem visto o filme da porra da Cinderela e da Bela Adormecida, como se não tivessem vestido saias e tivessem ansiado pelo dia em que pintaram os lábios pela primeira vez e se mesmo assim não tivessem tido acesso à mesma educação que os rapazes, como se não tivessem sido mais focadas que os colegas rapazes, como se não tivessem tido melhores notas que os colegas rapazes. Custa-me imenso que estas mulheres não entendam que tudo passa por uma coisinha de tão pouca importância, o nosso útero. Ou isso, ou somos realmente umas burras, parvas e incompetentes, que só nos vamos dar bem neste mundo de homens, quando nos vestirmos como eles, coçarmos os tomates na rua, cuspirmos para o chão e laquearmos as trompas.
Que acabe depressa esta silly season que eu estou farta de gente inteligente a fazer papel de burra.