Férias com filhos: expectativa vs realidade
Como eu queria (e merecia, porra) que fossem as minhas férias
Não ter hora para acordar, uma praia paradisíaca com areia branca e água quente, o sol a queimar-me a pele, almoços com vista para o mar, uma pulseira de livre-trânsito para o bar no pulso e um cubano a servir-me daiquiris, massagens relaxantes no spa do hotel, jantares demorados, mergulhos na piscina fora de horas e sexo sem hora marcada, muito sexo.
Como vão ser as minhas férias
Os miúdos vão acordar antes das sete da manhã, eu e o meu marido vamos ver quem finge durante mais tempo que não os está a ouvir, não evitando o inevitável, levantamo-nos da cama, tomamos o pequeno-almoço, vestimos os fatos de banho, metemos protetor solar, agarramos em dois chapéus-de-sol e chegamos à praia quando ainda está aquele friozinho da madrugada, estendemos as toalhas, despimos os miúdos que vão gritar que está frio (eu não tinha reparado) enfiamos os chapéus naquelas cabeças e gritamos dezenas de vezes para que não os tirem, vamos estar em alerta constante para eles não correrem para a água sozinhos e para não falarem com desconhecidos, não nos podemos esquecer de reforçar o protetor solar enquanto os miúdos esperneiam que querem ir encher outra vez o balde com água e assim que começa a ficar aquele calor capaz de nos tirar a cor de lixívia das pernas, temos que pegar nas toalhas onde não sentámos o rabo, nos baldes e pás e ancinhos e o diabo que eles quiseram levar para a praia e regressar a casa a tempo de aturar várias birras de sono. Um faz o almoço, o outro dá os banhos, pomos a mesa, almoçamos com as birras a atingir o auge do cansaço e tiramos à sorte quem se vai deitar com eles a dormir a sesta até chegar a hora em que o sol já não queima para irmos para a praia outra vez, chegada a hora lanchamos, vestimos os fatos de banho, metemos protetor solar sabe Deus porquê, que a esta hora o sol já nem cócegas faz, pegamos num chapéu-de-sol e lá vamos nós, chegamos à praia cheia de miúdos a correr por todo o lado, encontramos por milagre um espaço para estender as toalhas, despimos os miúdos, enfiamos os chapéus naquelas cabeças e gritamos dezenas de vezes para que não os tirem (onde é que eu já li isto?), vamos estar em alerta constante para eles não correrem para a água sozinhos e para não falarem com desconhecidos, vamos estar de rabo para o ar a fazer piscinas à beira mar e com sorte damos um mergulho ou dois, quando até estamos a gostar de estar ali os miúdos vão estar a arrastar-se de sono e pegamos nas toalhas onde não nos deitámos a ler um livro, nas bolas, baldes, conchas e quilos de areia e regressamos a casa para mais um dose de banhos, birras e o Deus nos ajude do costume, jantamos, adormecemos os miúdos e com sorte vamos sentar-nos no terraço a beber uma bebida qualquer que comprámos no supermercado porque não, não temos um cubano a servir-nos daiquiris, enquanto deitamos conversa fora até admitirmos que estamos exaustos e irmos dormir sem termos sexo.
Faltam quinze dias para as minhas férias. Sim, estou a contar? Porquê? Porque sou parva, os pais não têm férias. A única diferença entre as férias e os dias normais é que aturamos os miúdos num lugar diferente.
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