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Ser super mãe é uma treta

Ser super mãe é uma treta

17
Out18

Não se atiram bolas à cabeça dos filhos dos outros

Susana

Sabem aquelas mães que têm vontade de atirar uma bola à cabeça dos miúdos que passam à frente dos filhos no escorrega e nos baloiços? Ou de dar um empurrão às miúdas irritantes? Ou até dar um berro aos miúdos que se metem com os mais novos? Eu sou dessas mães.

 

Fico a ferver, com fumo a sair das orelhas e a pensar se me posso esconder atrás de um arbusto e atirar uma bola em cheio à cabeça dos miúdos parvos.

 

- Quem foi? Não se faz, coitadinho do parvinho.

 

Não posso, não é? Tenho filhos para criar, não se atira bolas aos filhos dos outros e bla bla bla, por isso a minha opção foi ensinar a minha filha a empurrar.

 

Literalmente.

 

Parece que agora os miúdos levam o dia a empurrar-se uns aos outros e a serem parvos uns para os outros e a minha filha não sabe jogar esse jogo. No meu tempo também devia ser assim, mas eu sou antiga, já foi há muito tempo e agora eu sou a mãe, a mãe que sente as dores dos filhos. E por isso resolvi ensinar-lhe as regras do jogo do empurra.

 

A regra número um é defender-se primeiro e queixar-se depois. Todos sabemos que os queixinhas estão fodidos, passam facilmente a saco de pancada. Então, primeiro dá com o pé que estiver mais à mão e depois pode queixar-se.

 

A regra número dois é defender-se primeiro e queixar-se depois. Não tenho mais regras para este jogo, é difícil explicar a uma miúda de cinco anos que na vida vai encontrar muita gente que a vai tentar empurrar e que o melhor é mesmo aprender a defender-se.

 

Ensinei-a a defender-se e não a atacar, expliquei-lhe o valor das palavras, que às vezes dizer que não somos amigas deixa de ser verdade no minuto a seguir, que podemos perdoar e não dar importância a quem não nos faz bem e depois peguei numa almofada e disse-lhe para empurrar, com força. Ela riu-se, empurrou com força, prometeu que se ia defender melhor e eu abracei-a.

 

Sim, eu sou dessas mães, nem pensem em foder-me a cabeça por isso.

 

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09
Out18

Não importa quando foi

Susana

Há quem diga que se ama um filho assim que sabemos que estamos grávidas, eu digo que não, que é mentira, o que amamos é a ideia abstrata de um filho, a ideia de sermos mães.

 

Eu não amei os meus filhos ao primeiro olhar, nem ao segundo, nem ao terceiro, nem sei precisar o momento exato em que os comecei a amar.

 

Ao primeiro olhar, acabados de sair da minha barriga, vi-os roxos, com restos de mim e com um cordão umbilical ainda por cortar, perguntei-me se aquilo que me parecia um filme estava mesmo a acontecer, fechei os olhos e voltei a deitar a cabeça. Ao segundo olhar, depois de os ouvir chorar ao longe, trouxeram-nos até mim, enquanto os médicos costuravam o corpo que já lhes tinha servido de casa, beijei-lhes a testa e pedi que os fossem mostrar ao pai. Ao terceiro olhar, no recobro, deitaram-nos ao meu lado e eu percebi que estava presa dentro de um filme e ninguém me tinha dado o argumento. 

 

Em nenhum destes olhares senti amor. Senti estranheza e medo. Os meus filhos nasceram e com eles nasceu a mãe e a mãe ama. Mas, amar? Amar como se acabei de os conhecer? E logo ali senti-me culpada por não sentir o que diziam que devia sentir, senti-me esmagada pelo peso das expectativas dos outros. Peguei neles, cheirei-lhes os cabelos vezes sem conta, beijei-lhes as mãos pequeninas e a testa, aconcheguei-os no meu peito, decorei-lhes as linhas do rosto e nada. Estranheza e medo. Conversei com eles, talvez o amor de mãe fosse assim, mais medo que coração acelerado, mais culpa que amor, pedi-lhe desculpa, alimentei-os, dei-lhes banho, vesti-os e mudei-lhes as fraldas, cantei-lhes canções de embalar, adormeci-os no meu colo e num dia qualquer, no meio da confusão dos dias que mudaram para sempre, houve um momento em que o meu coração bateu mais forte e rebentou-me o peito. No meu peito ficou um buraco e o meu coração ficou exposto. À mostra. E assim ficará, como naquele lugar-comum, que diz que os filhos são um coração a bater fora do peito.

 

Não importa quando foi. 

 

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08
Out18

Nesta coisa da maternidade existem temas tabu

Susana

Nesta coisa da maternidade existem temas tabu, uns causam reações capazes de exterminar a humanidade, outros a fúria nas caixas de comentários e outros o ódio nos grupos de mães desta vida. Eu pessoalmente gosto de todos, fazer abanar cabeças em sinal de reprovação é sinal de que o tema precisa de ser falado. Deixo aqui alguns.

 

- Amamentação

Não se pode falar, pura e simplesmente não se pode falar sobre mamas, nada, zero, nicles. A estabilidade da paz mundial depende deste tema estar fechado a sete chaves, garanto que há mães que estão na posse dos códigos nucleares e prontas a largar as bombas em cima das nossas cabeças se alguém disser: Foda-se, detestei amamentar! Caralho, já disse, desculpem, se o mundo acabar a culpa foi minha, gostei muito de vos conhecer.

 

- Gravidez

É um estado de graça, não é doença, por isso aproveitem bem estes nove meses com dores nas costas e vontade de ir à casa de banho de cinco em cinco minutos. E trabalhem até rebentarem as águas que isso é que de mulher. Fraquinhas, pá.

 

- Pós-parto

Qual é o problema? Já têm os miúdos nos braços, há lá bênção maior? Caladinhas, mas é.

 

- Licença de maternidade

Longas sestas e mama de fora de duas em duas horas, lavar os dentes quando o pai regressa do trabalho, tomar banho de dois em dois dias, passar os dias sozinha com um bebé que não fala, não ri, só chora, mama e caga fraldas. E depois? Até parece que não estão de férias.

 

- Palmadas, gritos e a parentalidade inconsciente

Outra vez a estabilidade da paz mundial em risco. Vou dizer baixinho, uma palmada no momento certo faz milagres. Ainda estão aí ou já foram a correr ligar para a CPCJ? Só podemos falar sobre este assunto se for para dizer “Olá, o meu nome e Susana, eu costumava gritar com os meus filhos, mas agora converti-me à seita da parentalidade positiva e resolvo tudo com abraços e doses excessivas de bebidas brancas.” #sóquenão

 

- Existir para além dos filhos

Quem deixa os filhos com os avós para ir jantar fora, ao cinema, passar um fim-de-semana fechada com o marido num quarto de hotel ou vai deixar os miúdos à escola e volta para casa para dormir é uma cabra fria e sem coração. Onde é que já se viu isto de existir para além dos filhos? Ser mãe é a melhor coisa do mundo e se queriam existir não tivessem filhos.

 

- Dizer que os miúdos às vezes são parvos

São lá parvos, nós é que os educamos mal e se nós os educamos mal os parvos somos nós e se os parvos somos nós então quem tem que ir pela janela somos nós. Que horror dizer uma coisa destas, os miúdos são o melhor do mundo, até quando fazem birras, porque querem ir descalços para a escola.

 

Resumindo e baralhando, tudo é tabu, se queremos palmas, só podemos dizer que ser mãe é o melhor do mundo, uma bênção, que os nossos miúdos são incríveis, génios, os mais brilhantes, os mais bonitos, se queremos palmas, temos que inventar, mentir e dizer ao mundo que esta coisa maravilhosa da maternidade não é uma montanha russa cheia de altos e baixos, com momentos perfeitos em que não sabemos como tivemos a sorte incrível de ganhar esta lotaria e outros, tantos outros, sombrios e fodidos em que batemos literalmente com a cabeça na parede.

 

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01
Out18

O que é que as mães mais desejam?

Susana
a) Dormir a noite inteira sem interrupções; 

b) Uma semana de férias sem os miúdos numa praia paradisíaca e com livre-trânsito para o bar; 

c) Que a roupa apareça milagrosamente lavada, passada e guardada nas gavetas; 

d) Comer uma refeição sem que a meio seja preciso ir limpar o rabo aos miúdos; 

e) Não gritar durante dez minutos;

 f) Não acordar às seis da manhã ao fim-de-semana;

 g) Tomar um banho demorado com direito a meter amaciador no cabelo; 

h) Comer um chocolate sem partilhar com os miúdos; 

i) Jantar fora com as amigas sem sentir sono às nove da noite; 

j) Sair de casa sem parecer que vai acampar; 

k) Não ouvir o Panda e os Caricas às seis da manhã; 

l) Ter a barriga lisa;

 m) Uma massagem nas costas; 

n) Comprar uns sapatos sem pensar que os miúdos precisam de uns ténis novos; 

o) Que os miúdos digam boa noite e vão para a cama sozinhos; 

p) Ver um filme sem adormecer; 

q) Não ter migalhas no chão; 

r) Que digam, para variar, que os miúdos são a cara dela; 

s) Não fazer o jantar;

 t) Que as reuniões de pais durem dez minutos;

 u) Silêncio;

 v) Que os miúdos não apanhem piolhos;

 w) Não ter nada para fazer;

 x) Ir à casa de banho sozinha;

 y) Sexo escaldante sem medo de acordar os miúdos;

 z) Que as outras pessoas metam as opiniões no buraco mais escuro que encontrarem.

 

 Merda, esta é difícil!

  

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