Os filhos são o melhor do mundo
Os filhos são o melhor do mundo. E às vezes o melhor do mundo também é o silêncio, é a televisão desligada, é o mundo parado. É dormir uma noite inteira sem tosses como banda sonora ou com gritos que nos chamam como se o mundo estivesse a acabar, é fechar os olhos no sofá e deixar-me ficar até ao outro dia de manhã. É não estar preocupada se tenho iogurtes no frigorífico, se as bolachas preferidas acabaram ou o que vou fazer para o jantar. Às vezes o melhor do mundo é ir à praia sozinha, é ler um livro, é sair com o meu marido num impulso, é conversarmos até de madrugada, é rir, gemer e gritar sem medo de os acordar. Às vezes o melhor do mundo é não aturar birras, crises existenciais, amuos da escola, respostas tortas e nãos repetidos até à exaustão. É não limpar rabos ou narizes ranhosos ou acordar a meio da noite para medir a febre, é não ter banhos para dar, cabelos encaracolados para secar, pijamas para vestir, é acordar em cima da hora, tomar banho a correr, vestir-me e sair de casa sem ter que acordar duas horas antes. Às vezes o melhor do mundo é não ter uma agenda cheia da vida social dos miúdos, é não ter de ir ao parque ou sentar-me no chão a brincar, é não ter trabalhos manuais da escola para fazer, reuniões de pais e obrigações sociais. É não ter rotinas, hora para jantar, para dormir, para acordar. Às vezes o melhor do mundo é existir para além dos filhos.
Dizer isto não coloca em causa o amor pelos meus filhos, não me faz pedir desejos para trocar a vida de hoje pela vida de ontem, a de hoje é infinitamente melhor, mais rica, mais cansativa e com mais gritos, posso dizê-lo sem medo do julgamento dos outros, sem medo que não o compreendam, porque a verdade é que cada um de nós, no seu íntimo, sozinho com os seus pensamentos, já pensou algo parecido. E não faz mal, está tudo bem. Quem não o compreender que se foda.
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